quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

psora ensina


O processo da auto-degeneração parece incrível
Incrível pelo esforço em se sentir cada vez mais próximo ao lixo
Até mesmo a epiderme une-se nesta força destruidora
A união da auto-negação, fruto do medo e da falta de confiança em dar ouvidos ao Eu
Sintonizo o volume no maior decibel possível da voz dos outros.
A jurisdição da própria vida é transferida por insegurança
O anseio pela reintegração da posse de si é latente
E é lá na mente que tudo começa, e ela mente tanto
É um filtro que anestesia a realidade, e faz agir e sentir como se toda a desgraça projetada fosse real
Mas o sofrimento é real
Silenciosamente aparecem as perebas, basta uma noite de sono entorpecente, e lá estão elas
As psoras urgem, para acelerar o sinal de alerta
Sinais vermelhos por todo o corpo, não está tudo bem
Elas vociferam, brandam para o dono desse corpo
O coral psoriático cantando um musical cavernoso para que os decibeis alheios sejam silenciados
Parece que os sofrimentos criados pela mente se transpõem a pele
O corpo grita, mas é no silêncio que posso me entender, e ouvir a voz calada do interior
Ouvir o socorro, o anseio pelo respeito e amor.
Quero o amor que vem de dentro
É com essas perebas que aprendo o agora.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015


Lá vem aquele, aquele que sou.
Aquele que me pertence, que se apropria de mim
O tal ego
As vezes inflado, as vezes retraído
Como um balão cheio, ou totalmente murcho
Cheio, ou vazio, ainda está ali, o ego.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

O é como existir
Falo do é como é ser
Sentir, ecoar, refletir, absorver, reproduzir
Se é, é o que é, então ainda não sei o que sou
Esse é, existir, é um ser que vive no tédio de ser
Que observa o tempo como tédio
As vezes faz desse tempo um palco, uma novela, uma dor gostosa, ou não
A dor presente nos momentos de tédio
A dor vivida na forma de tédio
Essa vida virulenta tem que ter emoção, um sentido, precisa causar algo, um choro, taquicardia, raiva, remorso, dor, angústia, alegria, ou nada disso.
Tem que ser entorpecente, assim como aquele sono que embebeda
Emoções que se entendiam também
Talvez o tédio se tornou um vício, talvez estou me cansando desse vício.
Daí surge a falta de emoção, que agora está morna e entediante; uma falta de ter algum motivo realmente sério para fazer as coisas
Então, quando começo a pensar sobre o vida na incubadora do ser, crio outra ordem
Uma nova ordem para mudar a história do que é ser, para se que prolongue os dias de um outro jeito
Então vamos com: acender a internet, sentir, fumar, andar, ver o puto da internet, bater uma para acordar, ler sobre todas as doenças que tenho, tive e terei, imaginei, chorei, criei e caguei.
Depois crio métodos de vida, esses mesmos comprados em aplicativos gratuitos que sabem exatamente a hora que eu acordo e dou like no gostoso.
A redoma de vidro, limitada por mim mesmo, um ego de cristal, frágil e brilhantemente opaco.
A incubadora como palco, onde sempre acabo de nascer na expectativa do que virá.
Virá, virá, já se foi e não foi
Passou a vida

quinta-feira, 26 de maio de 2011


É uma mistura das mais bregas das cafonices
Crianças que parecem adultas são consideradas fofas
A pequena já sabe andar de salto, calçando sua xicarazinha de brincar
Ela é linda e ainda discute com o seu bebê
Vá beber, por favor!
Vamos ver o que os monstros têm para mostrar
Fotos bonitas
Roupas com estilo
Amigos garbosos
A cobertura é o que vale
Cobre tudo
Cobre as cicatrizes das crianças
Cobre o abraço que dei com amor
Cobre a cara monstruosa
Cobre as risadas do carona
Ainda preferem o Cu barato
Ouro é caro
Vá para a tabela periódica!
Enfim, doces crianças, mantenham-se longe de mim
Vou ali tomar um café, numa xícara de verdade
Au Cu me deixa bêbado

domingo, 11 de julho de 2010




Já são três da manhã e dorme o pequeno.
Com loucuras de atitudes e inóspitos sentimentos.
O móbile observa os falsos gestos e a fala bela que berra.
Ao som das cantigas obscuras permanece o anjinho.
Come cuca, come cuca, come puta, come cuca, come cuca.
Seis de manhã o frágil sobrevivente ousa as poucas palavras.
Códigos não válidos e sim aceitos.
O pedacinho de carne, com um olhar vazio e cheio de fome, a deseja
De forma maléfica, a devora.
Infeliz mãe, que o amamenta com lágrimas de reais.
Pequeno gritante com movimentos involuntários, em busca do alto, regula a dor pelo balançar das mãos da oca marionete.
Com soneca, a mamãe o nina, com verdes baforada, a cor que o acalma.
Come cuca, puta come, come puta, cuca come, come cuca.
Meio dia, aprendeu a sentar, inclina-se, prepara-se as feições e acorda as lágrimas.Inicia-se então o discurso repetido em tempos diferentes.
Este neném prefere os golinhos, para não se engasgar com gritos presos na garganta.
Golfa tudo o que não quer.
Nada declarou, o pobre petulante que engatinha escondido, a procura do berço no escuro chorado
chorado demais por não ter o de menos, que lhe falta.

sexta-feira, 9 de abril de 2010




Amanhece e há apenas os risos dos resignados no rosto de ontem
O esgoto, ainda aberto lançado sobre a mesa
Espasmos de euforia, tolos conformados com a estranheza
Os mais audaciosos não passam de dementes
Estes mesmos que planejam os erros
Verdadeiros incrédulos aos pensamentos do mal
Uma agregação dos mais pobres pensamentos, tudo sem dó
No mundo boçal eu posso ser eloqüente
Tolerância, não é adaptação
Segue então, a vela apagada ao som do metal, no ápice da discussão.
Quando se reflete com a cara de animal, sem graça, sem suor, assim pode ser notado, camuflado
Visto e oferecido a fogueira por compaixão, volta corado, vermelho, um real falsário prolixo.
Volta! Pro lixo

terça-feira, 22 de dezembro de 2009



Os anjos, não querem que os chamem assim.
Demônios inocentes, mas não feios
Suportar vida engana os mortais.
São superiores
Pureza para quem planeja cinematografar os desejos
São quase reais
Tristezas debatidas, alegrias também
Bobagens choradas
Muitas palavras para quem fala pouco
Muito mistério para alguém que mostra tudo
Pena do que não temos
Justificando as tolices
Quanta eloqüência! São palavras arrotadas,
calculadas, maléficas, não apenas vazias
Cigarros vão, as horas chegam
Agora se cala, abraça-se
Sorria! Escondemos todos algo
Revelação
Agir é humano demais.